🚨 𝐀𝐋𝐄𝐑𝐓𝐀 𝐃𝐄 𝐄𝐗𝐓𝐑𝐄𝐌𝐀 𝐑𝐀𝐑𝐈𝐃𝐀𝐃𝐄 !! 🚨
Psychagogia, hoc est, Animae Recreatio
è DD. Augustino, et Gregorio Magno potissimú collecta
Monasterii Laetiensis, instituti S. Benedicti Abbate.
Adiecta sunt ad sinem pii argumenti alia nonnulla
[Psicagogia, ou seja, Recreação da Alma
de DD. . Agostinho e, mais especialmente, de Gregório Magno, reunidos
por Luís de Blois, do Mosteiro de Laetitia, Abade do Instituto de São Bento.
Algumas outras coisas foram acrescentadas ao corpo do piedoso argumento]
encadernação em pleno couro
Título: Psychagogia, hoc est, Animae Recreatio
Tradução aproximada: Psicagogia, ou seja, Recreação da Alma
Autor: Ludovicus Blosius (em português, Luís de Blois ou Luís de Blois-Blois, 1506–1566)
Edição: Impressa por Matthaeus Pontanus, em Paderborn, no ano MDCX (1610)
Ordem religiosa: Beneditino (Abade do Mosteiro de Liessies, na atual França)
Conteúdo declarado: “Ex ceremoniis e escritos dos Doutores Santo Agostinho e São Gregório Magno principalmente recolhida, com alguns outros textos piedosos adicionados ao final”.
Essa edição de 1610 é uma das primeiras impressões pós-tridentinas da obra, produzida num contexto de renovação espiritual beneditina e de circulação de literatura devocional latina voltada à formação do clero e monges.
A Psychagogia foi publicada originalmente no final do século XVI, e tornou-se um manual de meditação e direção espiritual, muito lido por religiosos e piedosos leigos. A obra combina trechos patrísticos (Agostinho e Gregório Magno) com reflexões pessoais do autor sobre o progresso interior da alma.
𝟐. 𝐎 𝐀𝐔𝐓𝐎𝐑: 𝐋𝐔𝐃𝐎𝐕𝐈𝐂𝐔𝐒 𝐁𝐋𝐎𝐒𝐈𝐔𝐒 (𝐋𝐔Í𝐒 𝐃𝐄 𝐁𝐋𝐎𝐈𝐒)
Luís de Blois (1506–1566) foi um abade beneditino do Mosteiro de Liessies, na Flandres (hoje norte da França e Bélgica). Discípulo da tradição devocional de místicos flamengos e amigo espiritual de São João de Ávila e do Cardeal de Granvela, Blosius é um dos grandes nomes da espiritualidade monástica do século XVI.
Entre suas principais obras (todas escritas em latim):
Institutio spiritualis (1552)
Speculum monachorum (1553)
A Sacra virginitate (1555)
Sacellum animae fidelis (1555)
Psychagogia, hoc est, Animae recreatio (1556–1559, em algumas edições)
O conjunto dos escritos de Blosius foi lido amplamente durante os séculos XVII e XVIII, influenciando tanto a espiritualidade beneditina quanto os movimentos franceses de interioridade, como a Escola Francesa de Espiritualidade (Bérulle, Condren, Olier).
Blosius enfatiza uma espiritualidade afetiva e interior, centrada no amor a Cristo e na docilidade à graça, aproximando-se do espírito de Santo Agostinho e São Gregório Magno, que ele cita abundantemente.
𝟑. 𝐎 𝐓𝐄𝐌𝐀: 𝐏𝐒𝐘𝐂𝐇𝐀𝐆𝐎𝐆𝐈𝐀 — 𝐆𝐔𝐈𝐀 𝐎𝐔 𝐂𝐎𝐍𝐃𝐔ÇÃ𝐎 𝐃𝐀 𝐀𝐋𝐌𝐀
O termo “Psychagogia” (do grego ψυχαγωγία) significa literalmente “condução da alma” (psyche = alma; ago = conduzir*).
No contexto cristão antigo e medieval, psychagogia designava o processo de elevação espiritual da alma a Deus — ou seja, o itinerário interior que transforma o ser humano por meio da graça, da meditação e da virtude.
Santo Agostinho usa o termo para indicar a educação interior da alma pela Palavra de Deus.
São Gregório Magno fala da cura da alma e de sua ascensão pelo exercício das virtudes — ecoando o mesmo espírito.
Nos séculos XVI–XVII, autores como Blosius retomam o termo psychagogia em sentido devocional, como arte espiritual de guiar a alma (ars animarum ducendarum).
Assim, o título Psychagogia, hoc est, Animae Recreatio quer dizer, em tradução espiritual:
“A psicagogia, isto é, a recreação (ou descanso) da alma” —
indicando um tratado de meditação para restaurar e conduzir a alma a Deus, recolhendo a sabedoria dos Doutores da Igreja.
A edição de Paderborn (1610), impressa por Matthaeus Pontanus, é uma das primeiras reimpressões germânicas e costuma ter valor bibliográfico considerável.
O nome manuscrito “Maior Cong. B[enedictina?] Paderbornae” indica que o exemplar provavelmente pertenceu à Congregação Beneditina de Paderborn, ou a um de seus mosteiros.
O estilo de moldura tipográfica e a ortografia “potissimú collecta” confirmam a tipografia de transição entre o maneirismo e o barroco editorial, típica das impressões religiosas da região do Reno e Westfália no início do século XVII.
